segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pratinha !

O pratinha dos amigos, foi o meu Jorjão. Falo meu com propriedade, pois nunca vi ninguém o chamar assim. Tínhamos essa forma de nos cumprimentar muito particular.
Quando eu o chamava de Jorjão, embora mais magro que eu ele sempre foi, mas nunca concordou com isso, e ele me chamava de Rogérinho. Era um sinal que estávamos “de boa”, de bom humor, de bem com a vida. Se eu chegasse: Bom dia Jorjão, e ele: – oi Rogério, já sabia que deixa o véio quieto que hoje não é dia. O contrário tenho certeza que ele sabia também. Quando era: bom dia Prata, a resposta era certa: bom dia Rogério! Pronto. Cada um no seu lado.

Não vou aqui dizer que levávamos altos papos. Falávamos mais no silêncio e na contemplação, que nas palavras. Isso tínhamos muito, mas muito em comum. Adoramos nosso canto, nossas coisas, nosso silêncio. Trocávamos e-mails de fotos, que falam por mil palavras sempre. Ele gostava de me passar fotos que chegavam a ele sobre o mundo e a natureza. E eu fornecia outras tantas…

Discordávamos sempre na política, eu a direta da esquerda e ele a esquerda da direita. Pronto era discussão para várias horas. Mas como conhecíamos muito bem nossos gênios, sempre alguém mudava de assunto, tipo: – nossa, viu como aquela planta cresceu !, e pronto, assunto encerrado…Normalmente eu mudava de assunto, ele era mais teimoso!

Falando em plantas, o butequeiro jornalista Pratinha virou um paisagista de primeira. Nos mais de 6 mil metros de cerrado que ele pegou quando mudou para a Chácara, hoje temos uma linda morada, cheia de verde, cantos e recantos. O que mais impressiona na chácara são os cantos. Como ele conseguiu criar em cada metro quadrado daquele lugar um canto diferente. Esse é o grande barato da chácara.

Tenho uma coisa interessante a contar do Jorjão sobre a chácara e suas plantas. Nós, genros filhas e esposa, não podíamos elogiar muito as coisas não. Explico: quando chegávamos na chácara e tinha alguma planta muito florida, algum canto recém montado muito bonito e nós elogiávamos, passava alguns dias e pronto, estava tudo arrancado e replantado em outro lugar. Até hoje não sabemos o porque. Se foi coincidência, pois ele ia mudar mesmo, ou se por termos notado e elogiado, perdia a graça daquele canto e lá ia ele montar outro. Sei que não foi uma ou duas vezes que aconteceu isso não. Foram várias vezes.

Só sei que quando eu gostava muito de algum lugar, não falava nada. Fingia que nem via. Era a certeza que aquelas flores ficariam mais tempo lá.

Bom é isso… hoje estou com a sensação doida da saudade. Sei que isso mudará para a sensação gostosa da lembrança e das memórias de ter convivido com alguém tão interessante.

Jorjão, monta um jardim novo onde estiver, que quando nos encontrarmos vou elogiar, só para te sacanear e ver você mudar tudo de lugar…ahh para não esquecer. Você é mais magro que eu. O meu chinelo de Juquehy era o novo e você trocou pelo seu velho e vou continuar a perturbar os Uberabenses…beijo no coração !

Abaixo uma foto com seu xodozinho.....

4 comentários:

Vida de Gestante e Mãe disse...

To arrepiada com o texto! É interesse que as pessoas se vão,mas ao mesmo tempo ficam por meio das coisas e sentimentos que deixaram nas pessoas!

comentários disse...

Obrigada...Você aprendeu a ser mais paciente com o Jorge do que eu.Ele era teimoso e eu sou mais teimosa. Nós dois discutiamos até por email. Teve vezes que Ricardo, outro irmão, entrava no meio para cortar as arestas e nos "civilizar".Obrigada pelo carinho, paciência, convivência com ele.
Mesmo "discutindo" com ele acompanhei no ORKUT todo jardim...Nós os Prata Soares somos superticiosos: elogio dá "quebranto". Principalmente com as plantas...ela provavelmente mudava de lugar para mantê-las vivas...Talvez você não consiga entender isso, mas vi minha mãe fazer e eu faço até hoje. Vou sentir saudades dele sempre...não tenho mais com quem "arengar" via email. Carinho e saudade jorge, meu irmão

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Este comentário foi removido pelo autor.
marcus AURELIO disse...

Belo texto Bonnás. Conheci o "tio" Jorge, como aprendi a chama-lo com o Stanis, em Uberaba, sempre que ele ia na loja ficavamos algum tempo conversando, claro, sobre informática, algumas duvidas que ele tinha em determinados processos e por ai vai. Foi por pouco tempo que convivi com ele, mas neste tempo aprendi a respeita-lo e admira-lo, com o que dizia, com seus ponto de vista, dentre outros.
Que Deus o ilumine!