terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Às vésperas do Natal, órgão do consumidor reprova lojas on-line

THIAGO FARIAColaboração para a Folha Online

As compras de Natal costumam ser sinônimo de shoppings lotados, filas intermináveis e fonte inesgotável de contratempos para os consumidores. Ainda bem que na internet é tudo muito melhor, certo? Nem tanto.
De acordo com levantamento do portal E-bit, as vendas pela internet devem movimentar R$ 1 bilhão neste Natal (de 15 de novembro a 23 de dezembro), num crescimento de 45% em relação ao ano passado. No entanto, avaliação divulgada nesta semana pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor Pro Teste recomenda cautela na hora de comprar pela internet.
O teste analisou 34 lojas de comércio eletrônico. Mais da metade --22, precisamente-- foram reprovadas. O objetivo foi verificar na prática o funcionamento das empresas, realizando compras anônimas em seus sites.
Na pesquisa, foram considerados itens como informação sobre a loja disponível na página de compras, condições de pagamento, prazos, condições de entrega e reembolso.
Entre as empresas avaliadas pela Pro Teste, apenas três tiveram a avaliação máxima: Americanas.com, Fast Shop e Tok&Stock. Outras nove tiveram seus serviços avaliados como aceitável e 22 foram classificadas como tendo um serviço ruim. Foram elas: Atera Informática, Avon, O Boticário, Brasoftware, Camicado, CD Point, DVD World, eFácil, Extra, Fnac, Import Express, Kabum!, Kalunga, Livraria Cultura, Magazine Luiza, Polishop, Ri Happy, Sack's Perfumaria, Shoptime, Siciliano, Videolar e Direct Shop. Confira a lista completa no site da Pro Teste.
Divulgação
Teste realizado entre lojas virtuais reprovou 22 das 34 avaliadas; empresas contestam métodos utilizados por associação
"O teste considerou um cenário de momento desta lojas, levando em conta o que é importante para o consumidor", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora do Pro Teste e que escreve quinzenalmente para a Folha sobre direitos dos consumidores.
Ela recomenda cautela para quem pretende comprar pela internet e afirma que, com o crescimento do mercado de lojas virtuais, crescem também os problemas.
"É aconselhável que antes de realizar uma compra pela internet, o consumidor verifique avaliações feitas por pessoas que já compraram naquele site e sempre imprimir todos os documentos da compra", recomenda.
Outro lado
André Luis de Paula, diretor administrativo da Atera Informática, questiona a avaliação da Pro Teste. Segundo ele, sua empresa é bem avaliada entre os usuários e segue na íntegra o código de defesa do consumidor. "Não concordo com os termos do teste, principalmente nas questões que se referem à entrega", diz o diretor.
A Direct Shop vai mais longe. De acordo com Daniel Zingani, coordenador de e-commerce da Direct Shop, a empresa pretende entrar em contato com a Pro Teste e não descarta a possibilidade de processar a associação. "Queremos retratação", diz.
A Kabum! afirmou desconhecer a existência da pesquisa até o contato da reportagem. Após tomar conhecimento, a empresa informou que acha o teste válido, apesar de considerar que foram analisados casos isolados.
Em nota, O Boticário também considera válido o teste e afirma que vai avaliar as observações apontadas pela pesquisa da Pro Teste.
A Avon informou que sua loja virtual passa por um processo de reestruturação e considera "bem-vinda" a pesquisa, uma vez que auxiliará na construção de uma ferramenta virtual mais eficiente.
A loja virtual Extra.com.br informa que recentemente promoveu importantes melhorias no site, o que possibilitou reduzir o prazo de entrega para a Grande São Paulo para um dia útil.
Por meio de sua assessoria, a Livraria Cultura diz que a avaliação ajuda a aprimorar os serviços oferecidos, porém, questiona alguns itens da pesquisa. "Nosso índice de reclamações na venda pela internet é baixíssimo", diz a empresa em nota.
Também consultadas, a Fnac e a Magazine Luiza preferiram não comentar a pesquisa. "Antes vamos entrar em contato com a associação para verificar como foi feito este teste", informou a assessoria da Magazine Luiza.
Brasoftware, Casa&Vídeo, Siciliano, Kalunga, Polishop e Shoptime não retornaram o contato da Folha Online até a publicação desta reportagem, assim como as outras empresas consultadas.
Procon
Apesar da recomendação da Pro Teste, o Procon informa ser baixo o número de reclamações envolvendo lojas virtuais.
De janeiro a setembro deste ano, apenas sete reclamações foram registradas por consumidores que se sentiram lesados em compras on-line.
Porém, a fundação ressalva que as reclamações não são classificadas por meio de compra, e sim por problemas apresentados, o que pode justificar o baixo índice.

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